Friday, November 16, 2007

PORQUE ESPERAMOS???














Amigos, este é um «toque a reunir»
dirigido aos corredores de fundo, dos fragateiros,
aos remadores e velejadores, das senhoras aos cavalheiros


IRMÃOS DA COSTA – faço votos para que a saúde, a família, os negócios e todas as coisas que amamos e desejamos, incluindo o laser, o bem estar e a diversão, estejam na medida dos Vossos desejos, e que tudo acabe bem em torno da acção desses «malucos» apaixonados pelo MAR e pela VELA !

Sei que alguns entre nós, estão magoados, divididos, divorciados das velhas amizades, e que se deixam andar à rola, na deriva da indiferença, à garra e de ferro suspenso, mas ansiosos por se fazerem ao Mar. Estão ainda zangados com coisas que nunca deveriam ter existido.

Platão disse: existem três espécies de homens, os vivos, os mortos, e, aqueles que andam no Mar»

Os homens de Mar sabem quando devem bolinar, ou quando devem correr com o tempo, assim que as condições e adversidade o determinam.

É hora de se acertar o rumo às condições do momento, e fazer arribar para se ancorar em porto seguro.

Tu que me explicaste um dia a diferença entre um sprinter e fundista. Sabes que os líderes nascem com condições naturais para exercerem o comando, impondo a coragem e a determinação daquilo que, com os anos, aprendem a melhor saber e fazer.

Todos aprendemos assim, rodeados de hostilidades e adversidades, aprendemos com camaradas e amigos, através das condições impostas pela natureza dos elementos, que nos ensinam que a vida é um, entre muitos rumos, e que um rumo deve ser singrado, deve ser conquistado muitas vezes contra todos os ventos e marés.

Com o percorrer das muitas singraduras da Vida, restam-nos a memória dos momentos, com os quais ficamos rodeados de situações impostas, e menos esclarecidos, onde por vezes, sem se querer magoar, nos arremessam uma pedra, pensando talvez, que por debaixo dessa nossa aparente rudeza, somos maus ou primitivos. Quando se esquecem afinal quem fomos e somos, aquilo que assumimos ao redor das velhas amizades, que respeitamos e queremos preservar.

Com efeito não somos primitivos, somos pessoas de grande coração e com sentimentos profundos, onde as lágrimas não correm porque a violência e a frieza da vida as secou. Mas com esse secar das lágrimas, foram acicatados outros valores humanos, como os da lealdade e da amizade profunda, renascidas da recordação daquilo que juntos elevámos e vivemos, com amizade e camaradagem, nas cumplicidades africanas, do Mar e de se saber, e ser, homens e mulheres Velejadores.

É pois com essas lágrimas secas e com essa aparente rudeza, que definitivamente, já não pensamos nem queremos as medalhas, daquelas que já ganhámos outrora quando éramos Jovens. Ao arrepio das cerimónias solenes ou festins do cortar fitas e deitar discurso, porque disso nunca fomos, também creio que não o vamos ser e fazer agora.

Mas por debaixo dessa nossa determinação (não confundir com ostracismo ou ditadura) somos apenas impetuosos, impondo alguma rudeza, mas nada mais, são atitudes, que resultam das condições que a vida impôs, e que por ímpeto natural, não sabemos controlar ou conseguimos evitar. A irreverência que afinal impomos, não é mais do que a veemência das nossas convicções, na defesa dos objectivos que nos propomos alcançar, tendo por fim afinal, o avanço do desporto da vela a todos os níveis Nacional e Internacional.

Temos de unir, a diversidades de atitudes e comportamentos, incluindo os elementos mais moderadores e democráticos, que por vezes ignoramos, ao invés disso, eram eles que nos deveriam acompanhar naqueles momentos de maior dureza, serem eles os conselheiros que podem evitar um fiasco, ou fazer sucesso, tornando uma equipe mais capaz, num espaço humano, onde só o desporto ficaria a ganhar.

Convenhamos que, esta coesão e esta diversidade humana e cultural, não se vende nas lojas, ela surge e nasce da prática da vida, da unidade e da coesão desportiva, surge afinal tarimba que nos forma e educa. Sem nos aperceber-mos disso, somos da «escola do tio Zé», com a qual alguns de nos nós nos identificamos, sem se ter a noção disso. Ele legou em alguns aquilo que se chama com orgulho, o estilo «fragateiro», quando se foi aluno e filho da Fragata D. Fernando e Glória, eu conheci no Jantar Internacional da Irmandade de Portugal, um capitão de Mar e Guerra que foi comandante da Sagres, e que cheio de orgulho me disse, que o seu grande mestre também tinha sido um filho da fragata.

Definitivamente as qualidades e os estilos de líder ou do corredor de fundo, não estão em saldo na loja do lado. Temos de preservar as nossas amizades e a nossa escola de valores.
Em conclusão, quero dizer que chegou o momento de se retirarem os risos da grande, e de se abrir a genoa, e agora digo, tripulações de ANGOLA preparar a manobra, e vamos arranjar espaço nao para a utopia dos trofeus e regatas imaginarias , mas sim para encontramos o rumo da verdadeira amizade do mar que anda perdida.
«Tamos» juntos Irmãos …

Nota: não façam elações erradas desta pequena reflexão. Ela tem por intenção conseguir construir laços entre velhas amizades, por forma a que se possa realizar o renascer da Irmandade de Luanda obtendo o máximo sucesso, para se elevar mais alto, o nome do desporto do mar e de Angola !

OooRza. C.V

Tuesday, November 6, 2007

Navegacao e conforto num iate do seculo XXI



Ora bem.
Se o termo de "Cabeças velhas em ombros novos " da certo ai vai.

Como alguns dos meus amigos, já começaram a navegar há mais de 50 anos, e continuam a fazer deste adorável passatempo quase uma rotina, embora, por vezes o tempo de liberdade não de para grandes passagem marítimas, mas se me permitem ,vos quero passar ou relembrar algumas das maravilhas do conforto ou se preferirem.. SEGURANÇA no Mar.

Muitas vezes tenho pensado em 2 ou 3 questões que, por vezes me perturbam o pensamento, principalmente quando no período das noites chamado de ( quarto) , me encontro sozinho, levando toda a responsabilidade não só pela minha tripulação, como a do barco, e ate por poder por em perigo outros que também no mar andam, não só por prazer , mas também aqueles que fazem deste local o seu modo de vida. Os pensamentos são os seguintes.

Ser velejador de Alto Mar será ser aventureiro....? Maluco?? Talvez suicida..? Vou tentar responder, analisando sobre o meu ponto de vista a estas questões a "Fragatista" pois me sinto mais a vontade, escrevendo para o povo .

Aqueles que há centenas de anos por acidente eram apanhados por ventos, e correntes, arrastados para o mar desconhecido e sem saberem como, aportaram no continente Americano, ou ate os Vikings que chegaram eu sei la a onde.

Claro que não menciono os da da Penisula Ibérica, ou os Genoveses esses já sabiam para onde queriam ir, não vou mencionar os Árabes, ou os Chineses, isso de certeza que daria uma grande polémica.

Os pioneiros só tinham contra eles as TEMPESTADES, ROCHAS, CORRENTES, FOME, SEDE,VENTOS e aquilo que hoje se chama CAGUFA, pois não sabiam ao certo por aonde andavam, e para voltar para o fim de semana a terra, se viam muito atrapalhados.

No incassavel desejo de aprender para sobreviver nestas andanças, foram estudando, aperfeiçoando e dominando aos poucos os elementos da natureza, descobriram as melhores épocas para navegar mediante o destino da rota a tomar, para fazerem com certa segurança as ligacoes entres portos perto de casa, ou atravessar os oceanos para ligar continentes. Assim as tempestades quase se conseguiram evitar

Também se descobriu os chamados "Trades Winds" as Altas e Baixas pressões dos Oceanos, a maneira das contornar, os baixios e rochedos espalhados por todo o mundo . Estes foram baptizados e assinalados em cartas marítimas, e ate ultimamente o "Monte Vima" aqui bem perto da Costa do Sul de África.

As correntes,do Canal de Moçambique, a de Benguela e outras tantas mais.

A fome também se ultrapassou com umas barricas de conservas, e os dentes se começaram a agarrar as gengivas com mais facilidade comendo uns limoes. A sede com uns litros de Gin e agua tónica.

Para se saber por onde se andava os árabes deram uma ajuda com uns pedaços de fio preso nos dentes, que se chama Kamal . Mais tardes os nossos antanhos inventaram ou aperfeiçoaram os Astrolábios. Passado mais alguns anos alguém começou a usar os Sextantes ( Compassos isso era coisa muito antiga desde umas pedras magnéticas, ate a umas pontas de ferro magnetizado preso por uma linha servia para indicar o Norte) .

Os Rochedos e Cabos mais importantes lhe meteram farol em cima e assim com relativa segurança já se navegava mais ou menos.

Talvez ate com menos perigos do que hoje, pois era só a controlar os elementos acima referidos.

Hoje a historia sobre isto e bastante diferente, mas os humanos também continuaram a aprender, e a fazerem equipamentos que sem duvidas sem eles seria hoje quase impensável se fazerem passagem em barcos tão pequenos com tripulacoes por vezes só de 1 pessoa ( Navegadores solitários).

Na minha recente passagem entre a Cidade do Cabo (Sim o das Tormentas o tal que metia a chamada Cagufa nos nossos antepassados) e Luanda , só me lembro de rebentar uma adrica do balão, e nada mais.

Ligamos os aparelhos aqui na Baía de Saldanha e se desligaram em Luanda. Só se tinha que vigiar o nível dos tanques de gasóleo, as pressões dos olios e as temperaturas dos motores, olhar para o Radar. GPS plotter colorido, contactar os barcos no canal 16 que se cruzavam no nosso rumo, para ter a certeza de que nao nos davam uma cacetada, (E foram bastantes barcos) carregar as bebidas nas 2 geleiras eléctricas, vigiar o rumo do auto-piloto, contactar via SSB os Rádios Amadores que confirmavam a meteorologia que nos já levávamos para 8 dias tirada na Internet que sempre esteve certa ate ao Namibe, mandar e receber mensagens das nossas famílias, ( Não utilizamos a chave de Morse HI HI) na certeza de que elas receberiam passado alguns minutos, via email a nossa posição, e outras coisas de máxima importância que nos fazia sentir seguros. , pescar, comer, tomar banho, ouvir musica, ver vídeos,.

Sim os aparelhos valeram por muitos tripulantes, e eu poderia pensar que de malucos nos nem tínhamos um só pelo.

Vamos analisar.
Os satélites nos informavam cada 2 segundos a nossa posição exacta, num ecran com 300x600 (Kinga So) Plotter, velocidade, distancia de terra, ou ate qualquer ponto da nossa rota, o ETA para qualquer porto no percurso da nossa viagem, a distancia já navegada, horas certas ao segundo Não foi preciso SEXTANTE, nem cronometro ou as tabelas de declinação solar, nem a incerteza de uma rota de estimativa, Não precisamos de contar faróis, a maioria não esta a funcionar. Só tomávamos o ponto do meio dia, e marcávamos na carta de navegação, copiando da GPS.

A Sonda de eco nos dava a profundidade constante. Não era preciso ir cantando a proa as medidas com um cabo de sonda manual com cera enfiada na cavidade do prumo para ver a natureza do fundo do mar.

Os aparelhos eram todos individuais, se algum falhasse, ao chamar terra reportaríamos (Ex estamos sem soda) nunca informaríamos (Ex estamos sem equipamentos de navegacao).

E uma grande diferencia, tudo separadinho, e também tínhamos a bordo mais 2 GPS portáteis e baterias para as alimentar que dariam para dar 2 voltas ao planeta


Claro no caso de alguém desligar os satélites teríamos que começar a navegação por estimativa, mas como tínhamos sempre presente a ultima marcação na carta, e sabíamos o rumo que levamos, mais a velocidade, não seria muito difícil acertar mais ou menos a (Antiga) a nossa navegação.

Devido ao Radar não era preciso ir ate junto da Costa para se identificar com a ajuda do "Musiqueiro" se já nos encontrávamos no enfiamento do Walvis Bay.

O Alarme do radar a guardar 5.5 milhas a nossa volta funcionava muito bem e a nossa segurança com os olhar mais ou menos atentos sem duvida que não me sentia "SUICIDA".

O Indicador de ângulo e velocidade do vento nos dava informacoes para reduzir o pano, para caçar ou abrir mais as velas .

O pequeno computador de informação, do estado das baterias nos informava com uma precisão constante, do regime de carga e descarga e percentagem de energia dentro das baterias, assim como quantas horas duraria esta energia acumulada, se nos nos mantinvessemos com o consumo corrente.

Como o "Kinga só" e um catamaran, pela primeira vez no mar comi sentado a uma mesa aonde os copos, pratos e talheres não era preciso segurar com as mãos pois eles nem se mexiam.

Quartos de guarda eram feitos dentro do salão que tem vista a toda a volta, e só se vinha espreitar de 30 a 30 minutos cá fora ou se algum eco no radar era apanhado, então se passava para fora, e se mantinha este estado ate ter a certeza de que a situação estava completamente controlada.

Nada de botas ou de casacos a prova de agua, enfim sem duvida que o conforto e segurança eram satisfatórios.
Para as horas de pensamentos solitários nestas noites maravilhosas, o saber de que se alguma coisa de mal acontece-se passando toda as normas de segurança, teríamos ainda ao nosso lado uma Balsa Salva vidas para 6 pessoas com agua e mantimentos.. Um EPIR de 2 frequência com o nosso indicativo e todas as informacoes telefónicas e que ao ser accionado 6 segundos depois todas as estacoes de salvamento saberiam disso e a África do Sul.. "Silver Mine" na cidade do Cabo, entraria em acção.

Bem me parece que só fico com uma certeza sobres os 3 itens dos meus pensamentos.. Sem duvida que e necessário ser um pouco aventureiro para estas coisas, e que se esta melhor em casa a ver TV, ou a enviar email aborrecendo todo o mundo...HI HI.

Nos faltava só 2 coisas novas que eu vos peco que vocês comecem a juntar dinheiro para as adquirir.
1) Um Sonar para detectar objectos flutuando perto da tona de agua ( Contentores navegam a cerca de 1 metro debaixo de agua.
2) Um emissor de radar (em emergências quando alguém vem para cima de nos) se liga este brinquedo e ele não só arranca com o alarme do outro barco como lhe da imediatamente a nossa posição e o indicativo do nosso barco .
E só utilizado normalmente nas balsas salva vidas muito caras.. ( O Calema) tem um abordo.

Bem como se pode dizer que estas coisas de mar e SEGURANÇA se alteraram bastante então agora com os binóculos de visão nocturna ate se pode ver .
a costa que junto navegamos por um canudo.

Bons ventos.
Quantos ferros??? TODOS.
CV

Thursday, November 1, 2007

SEGURANCA E COMUNICACOES NUM IATE NO FIM DA DECADE DE 60 DO SECULO PASSADO



Vejamos na primeira regata Luanda Lobito a bordo do "ArgusII" a única ajuda que se possuía a bordo era um radio transistorizado vulgarmente chamado de "Musiqueiro" para receber o Radio Clube do Lobito quando na nossa aproximação a esta cidade. ( Nem motor fora de borda tínhamos).

O "Ti Ze" que embirrava com tudo o que fosse peso inútil, e quase que atirava com o dito pela borda fora..Ainda bem que o não fez.

Ele sem duvida que estava certo de que um dia só se poderia viajar com cerca de 5 kg de carga de cabine pois vocês se lembram de que ele embarcava só com um saco de mão da TAP capacidade cerca de 2 quilos e a carta de navegação...Um rolo de papel higiénico e nada mais.

O mais avançado de todos os iates no que concerne a ajuda electrónicas deste tempo. era um Classe Oriental (Desenho e construção do "Ti Ze", e propriedade do Branco Pires. Radio amador com o indicativo de chamada CR6FF, ele possuía um radio goniometro comprado em (Kite) e por nos montado no bairro S. Paulo numa oficina de electronica chamada AREL (Auto Reparadora e Elecronica Lda) ...Ele passava a sua vida náutica a sintonizar o radio farol em Morse que transmitia as letras LU, parece-me que se localizava no aeroporto de Luanda.

Mais tarde alguém o baptizou com a alcunha de LU Um dia o LU deu a posição do seu barco nas traseiras do aeroporto de Luanda via radio CB durante uma regata..Estava certo ele estava enterrado nas Palmeirinhas e a sua marcação através do radio baliza passava por cima da pista do aeroporto.. e a sua outra baliza que ele utilizou para fazer o seu batimento era o Radio Clube de Angola ..Quase que não tinha graus de diferença entre uma e outra.. Quase o mesmo enfiamento, a partir das Palmeirinhas.


Prefiro acabar aqui com as historias deste aparelho pois teria pano para mangas.

Bem voltado a restomenga do meu "musiqueiro" que eu adorava, pois naquela altura, ele me ajudava a compor o meu visual de magrinho la pelo "Mussulo a ouvir os discos pedidos...Cortei muito não e??? Tenho que olhar pela minha imagem...

O "ArgusII" na ultima noite de mar bem escura, junto a terra com vento forte do quadrante Sul, todo risado do com genoa pequenina estilo "Cueca" arrancou em bordos de 2 horas para fora e de 1 hora para dentro, género "Bala Aquática" ( 4-5 Knots) para ao amanhecer estar cercado de nevoeiro..(Muito cacimbo) numa posição estimada pelo "TZ" a cerca de 30 n/m da entrada do Lobito.

O vento se manteve ate cerca das 14h00, sempre bolina cerrada começando a rondar um pouco para terra para cerca das 17h00 começar a rarear, e a névoa que nunca chegou a clarear completamente, pelo contrario resolveu cerrar completamente no enfiamento ou perto da entrada da Baía do Lobito.

O ArgusII estava de certo muito perto do seu objectivo talvez um pouco amarado, se virou pela avante e se meteu para terra, a procura de entrada na Baía.

Nevoeiro não levanta, a tripulação desespera, o vento que nos tinha levado nestas ultimas horas esta a cair, a noite se aproxima.

"TZ" manda calar todo o mundo, cheira o ar, tenta apanhar o cheiro de qualquer coisa, talvez da fabrica do cimento, ou ouvir qualquer ruído...Nada.. Eu arrisco a apanhar uma palmada dizendo "Ti Ze" me deixa brincar ao LU com o "Musiqueiro"..Silencio palmada não chega ao meu pescoço..As ordens chegam como de costume curtas e solidas... Ninguém mexe só respira um de cada vez.. Vingança vai buscar essa porcaria do radio e me da o enfiamento do Radio Clube do Lobito.

Coração batendo com medo de apanhar uma bronca se a coisa não funcionar..Bem se falhasse de certeza que iria ao banho com o "Musiqueiro" como companhia.

Radio ligado, claro o Radio Clube do Lobito chega a estourar sinal fortíssimo, recolho toda a pequena antena do receptor, ponho o radio em cima da cabine e começo a rodar este para a esquerda e para a direita para a apanhar a queda do sinal (abatimento so com a antena interor de ferrite) no pequeno S meter por mim adaptado, que equipava o aparelho, e apanha a queda do dito sinal, confirmei umas quantas vezes, então disse ao "Ti Ze" a emissora esta no enfiamento da proa ou da popa.

A palmada não surgiu ...Olhando para a agulha de marear ele só comentou, pela popa esta o Brasil, pela proa esta o Lobito, não sei se será a restinga ou a entrada da Baía....Se as tuas observacoes estão certas devemos de estar bastante amarados, e a cerca de uma milha ao Sul da entrada do Lobito, com o Radio Clube na linha de proa, portanto com a restinga pela frente.. Vingança, avança para a proa devagar, não abana o barquinho, atenção aos ruídos ...Alguns minutos depois eu avisei ruídos de motos a acelerar...Depois carros a buzinar...Depois gritei arrebentação de ondas em terra...A cerca de 100 metros aparece uma fraca claridade de luzes.A restinga estava la.

"Ti Ze' ocupa a minha posição da proa e o Jacinto Medina toma o leme..Manda alterar o rumo para o Norte, e com o pouco vento que ainda se apanha entrando pela alheta de Bombordo, sempre a razar terra, ao fim de cerca de 1 milha entramos na Baía a procura da boia de chegada.... Eu volto para o meu " Musiqueiro".

Ligo o radio e começo a ouvir confortavelmente o Radio Clube a anunciar de que estava a sair do nevoeiro e da escuridão o primeiro barco a vela que vinha na primeira regata, de Luanda ao Lobito.

Um barco a motor se aproxima com a tripulação da reportagem do R.C.Lobito, transmitindo em real para a emissora, a nossa chegada.


No meio de muitos "Flash" eu pego na escota da vela grande para folgar um pouco e escuto imediatamente no meu radio o comentário... Um tripulante esta a largar uma corda.... "Ti Ze' grita Vingança desliga essa porcaria senão levas com ele na pinha.

Entramos cerca das 20h00 e o segundo barco na classificação, alias igual ao nosso o "Carapau de Corrida" entrou ao amanhecer muitas horas depois de nos... Acalmado la fora a vista da entrada do Lobito.

Ainda hoje guardo esta relíquia só que agora já não escuto .. O Tango dos Barbudos, nem "Las Palmeiras, ou ate Quando Calienta o Sol , La noiva etc... Hi Hi.
CV