Saturday, March 8, 2008

LEMBRANCAS DOS FUNDEADORES DA MINHA VIDA















Fundeador Ilha do Mussulo ( Angola)















A minha primeira doca "Doca de Belem"















Fundeador Ilha do Dassen (Africa do Sul)..."Touch Wind" Skipper"



Fundear a nossa embarcação nem sempre e tarefa fácil, todos nos sabemos disso.

Faz parte da palamenta de qualquer embarcação, que se preze,ter mais de que um ferro de fundear, por vezes de modelos diferentes, para se utilizar conforme a natureza do fundo ,ou da zona de corrente a onde se pretende largar ferro.

Que eu me lembre comecei a largar ferro na praia de Algés, aonde o Sport Algés e Dafundo me ofereceu um “Moth” que com o meu imaginario de aventureiro lhe botei o nome de "Kon ti ki" era de pinho e parecia um sapato, era daqueles que se encontravam abandonados junto a linha do caminho de ferro.

O meu primeiro tutor foi o "Choca"que era o banheiro da praia, tinha uma embarcacao tipica do Tejo uma chata, e todos os dias antes de armar os toldos para os banhistas, ele e eu largávamos os “Galrrichos” a cerca de 200 metros da praia para a apanha de (Santolas, Fanecas, Caranguejos,) enfim mais umas quantas qualidades de peixe, que nessa altura se pescava neste rio Tejo. O meu primeiro mentor das lides marítimas nos meus 6 anos de idade foi o “Choca”.

A palamenta deste “Chata” não era muito sofisticada em relação ao que se pede actualmente, para uma pessoa se fazer ao mar. Um vertedouro de madeira , Um par de remos com estropos de tiras de cabedal por vezes bocados de “Corda”, e uns poucos metros de cabo vegetal, e uma “Fateixa” de quatro unhas.

Mais tarde la fui no “Niassa” para Angola, e arribei ao meu Cube Naval, conseguindo arranjar lugar no meu peito para arrumar este clube, junto com as amizades que transportei do Sport Algés e Dafundo

Em Luanda as palamentas eram mais sofisticadas por exemplo. a ancora da “ Lancha do Naval que muitas vezes eu utilizei para efeitos de barco de Jury era de bronze e pesava talvez mais de 25 kg, para levantar ferro era uma “Capuita”. Ainda hoje penso porque era uma coisa tão pesada. Seria talvez para lançar ferro na Ilha do Mussulo defronte a casa do Nico e do Leite Velho?? Sim ai era fundamental ter esta ancora pois por vezes a corrente e de 4 a 5 nos.

Cerca de 20 anos depois naveguei para o Sul , para a latitude 33 graus Sul ai sim aprendi bastante sobre ferros e a arte de fundear.

Na Baía de Saldanha no meu modesto “Kalunga” um pequeno “Ranger 23”, no primeiro mês que larguei para o mar com esta embarcacao, e durante tempestades de 45 knots de vento, tive que largar pela proa, sem poder recolher a ancora, em virtude de a minha frágil tripulação não ter forca para as colher, e eu não ter motor para ajudar andando a avante para facilitar a operação. Se metia uma bóia no fim do cabo, como marca e depois mais tardes se voltava para as recuperar

Mais tardes já num barco mais preparado para estas latitudes o ( Calema) um sadler 26 já a coisa era muito diferente ( Guincho eléctrico) motor diesel 14 HP, 80 metros de corrente na ancora de 5 kg e de reserva uma de 15 kg, mais uma de 5 kg (Almirantado).. enfim estar abrigado e ter que largar rapidamente por o vento rondar era coisa muito fácil.

Evidentemente que em Saldanha Bay existe um clube náutico, por diversos aspectos, ou diferencias de cultura, talvez não esteja tão agarrado ao meu peito, mas sim na minha memoria .

Alguns bons marinheiros que se abrigavam nas mesmas baías aonde eu procurava abrigo , largando os seus ferros, e que em noites de convívio bem de sabor náutico , se contavam historias de tormentas e se convivia sem diferencias de culturas, e a ajuda nunca era preciso pedir ela chegava sem se dar por ela.

A esses homens de mar e grandes amigos, Kubos Rave, Cris Campllel, Loui"Gamble", "Caprice" Gerald "Routh Less" John "Condor" Manuel Mendes. e mais uns poucos, esses eu os baptizei de Irmãos da Costa.

Como podem imaginar com a “Fateixa” de Algés eu fundeei com o “Choca” o Carlos Caroço, O Vítor Caroço, e os meus outros amigos da primeira infância

Em Luanda no ardor e punjanca da segunda infância eu fundeei com ferro pesado com os inesquecíveis e bons amigos, Vítor Diogo, Rui Sancho, Carlos Pereira de Almeida,Ti Zé, Francisco Ramada, Rogério Aguiar, Maria Angela, Pedro Andrade e a sua Irma, sem os ofender todos os outros e outras que tiveram que levantar ferro e rumarem para outras latitudes.

Presentemente larguei ferro aqui perto do Tejo, a nascente da praia de Algés. Voltei a minha meninice antes do “Moth” fazia barquinhos de casca de pinheiro,, que apanhava na mata do Estádio Nacional com uma faca da cozinha, e cortava os lencois da cama para fazer velas, e velejava no tanque de lavar a roupa da ( Minha mãe) que não gostava ....

Agora já tenho duas “Leatherman” ofertas do Diamantino Leitão, e do Janeiro.

Casca de pinheiro tenho aqui na “Chitaca das Calemas” que chega para a construcao dos meus barquinhos, também não preciso de cortar os lencois para as velas... Ou usar o tanque de lavar a roupa, temos 3 pocos e uma piscinha. A minha cativa Gentil, corta as velas para mim , ela continua a ser indespensavel, e sempre prestável na minha tripulação ,para atravessar a ultima passagem deste oceano da vida...

Só o tempo o dirá se as ancoras que eu utilizei durante toda a minha navegação da vida são boas e firmes para nos manter fundeados, e ao alcance dos meus inesquecíveis amigos.

Lapa 8 Marco 2008-03-08
CV/Gentil